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Um Só Corpo na Prática - Livro Impresso

O Caso de uma Decisao Injusta da Assembleia

Se for o caso de uma assembleia tomar uma decisão injusta, existe um recurso. Primeiro, podemos levar a questão em oração diretamente ao Senhor, a Cabeça da igreja. Ele poderá exercitar as consciências das pessoas naquela localidade até que corrijam aquela ação. Segundo, o Senhor levantará profetas entre eles localmente, ou enviará alguns de outras assembleias, para despertar a consciência daquela assembleia a fim de que seja feita a correção (2 Co 2:4, Ap 2:13, 2 Cr 24:19-22, Jz 9:5-21). Em terceiro lugar, se aquela assembleia local se recusasse a lidar com seus erros, depois de estes lhe terem sido claramente apontados, ela deixaria de ser reconhecida por meio de uma ação de "ligar" feita por outra assembleia agindo como representante do corpo como um todo. Todos iriam simplesmente reconhecer o fato de que a assembleia que insistisse no erro não estaria mais congregada no verdadeiro terreno da igreja de Deus. Neste caso a assembleia local como um todo é tratada assim por ter defendido o mal em seu meio, tornando-se cada um dos que ali participam igualmente responsável pelo erro. Se as coisas chegarem a este ponto, já não se trata de uma questão de apenas alguns indivíduos em seu meio estarem envolvidos com o mal, mas de toda a assembleia local ter se recusado a julgar aquele mal. Esta é a triste, porém necessária, maneira de as escrituras lidarem com uma ação equivocada de uma assembleia, ou então com sua inércia, quando ela fracassa em tomar uma iniciativa para afastar o mal (Dt 13, Jd 21, 2 Sm 20:14-22).


Todavia, a remoção de um candeeiro local é algo que o Senhor não faz de maneira imediata (na tradução de J. N. Darby de Apocalipse 2:5 a palavra "brevemente" é suprimida -- N. do T.: o mesmo ocorre na Almeida Atualizada). É só depois de muitas objeções e oportunidades de arrependimento que o Senhor levantará outra assembleia para, em nome de todas as assembleias, repudiar aquela em particular por causa do mal que causou. Evidentemente, a partir de então a ação errônea "ligada" por aquela assembleia local deixaria de ter valor. Nesse ínterim, até que uma assembleia decida agir para a glória de Deus quanto àquele assunto (repudiando a assembleia injusta em questão), devemos nos sujeitar e esperar em Deus. Mencionamos isto para mostrar que existe um recurso contra o abuso de autoridade nas questões administrativas.

Devemos observar que as escrituras nunca nos instruem a tentarmos resolver nós mesmos as questões como indivíduos e de forma independente, quando se trata de alguma ação errada feita por uma assembleia. A ação independente de indivíduos nas questões coletivas é sempre criticada nas escrituras (Dt 17:12, Nm 15:30-31). Ela tão somente abre as portas para o inimigo. Deus tem a Sua maneira de tratar com problemas assim, e devemos acatá-la a fim de mantermos a ordem. Infelizmente é aí que muitos cristãos erram. Eles pensam que não podem se submeter a algo que acreditam ser injusto e sem fundamento bíblico. Acham que se o fizerem estarão violentando suas consciências. Alguns podem até alegar: "Devo obedecer primeiro o Senhor, não os irmãos". Mas quer eles entendam ou não, o que estão dizendo é que são mais santos do que o próprio Senhor. Se Ele pode suportar a decisão até que ela seja corrigida, por que nós não poderíamos? Uma assembleia que comete um erro em suas responsabilidades administrativas ainda possui o Senhor em seu meio até que seja repudiada por não estar mais no verdadeiro terreno da igreja de Deus. J. N. Darby escreveu: "Por que falar de obedecer primeiro ao Senhor e depois à igreja? Como fazer isso supondo que o Senhor esteja na igreja? Trata-se meramente de estabelecer um julgamento privativo em oposição ao julgamento da assembleia reunida ao nome de Cristo conforme a Sua promessa (se não for o caso de uma assembleia congregada ao nome de Cristo, então nada tenho a dizer); isso nada mais é do que dizer, 'Sozinho eu me considero mais sábio do que os que estão congregados'. Rejeito completamente a ideia de obedecer primeiro a Cristo e depois à igreja por ser algo totalmente sem fundamento bíblico" ("Letters of J. N. Darby", vol. 1, p. 419). Ele também escreveu: "Portanto, a questão toda não passa de um mero sofisma que denuncia o desejo de dar livre expressão à vontade própria, baseado na confiança de que o julgamento feito por uma pessoa é superior a tudo o que já tenha sido julgado" ("Letters of J. N. Darby", vol. 1, p. 421-422).

Em muitas situações Satanás gosta de trabalhar sob um disfarce de justiça. Ele e seus ministros se transformam em "ministros de justiça" a fim de enganarem os incautos ou aqueles que não têm fundamento bíblico, a fim de levá-los a agir de forma independente (2 Co 11:14-15, Rm 16:18). Ele fará parecer mais correto resolvermos nós mesmos a situação, porém se fizermos assim não poderemos contar com a bênção de Deus. Uma ação independente não é a solução; não é coerente com o guardar "a unidade do Espírito". Como já dissemos, se acharmos que uma assembleia cometeu um erro, podemos levar o caso à Cabeça da igreja. Ele escuta, entende e cuida disso melhor do que nós mesmos poderíamos fazer. E se tivermos fé de que Ele irá corrigir a situação da maneira que achar necessário, podemos deixar tudo aos Seus cuidados. Mas se não tivermos essa confiança nEle, e não pudermos confiar que Ele esteja cuidando disso, acabaremos tentando resolver tudo com as nossas próprias forças, o que nada mais é do que agir na energia da carne.

Traduzido de "The One Body in Practice", por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.

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