Todavia, a remoção de um candeeiro local é algo que o Senhor não faz de maneira imediata (na tradução de J. N. Darby de Apocalipse 2:5 a palavra "brevemente" é suprimida -- N. do T.: o mesmo ocorre na Almeida Atualizada). É só depois de muitas objeções e oportunidades de arrependimento que o Senhor levantará outra assembleia para, em nome de todas as assembleias, repudiar aquela em particular por causa do mal que causou. Evidentemente, a partir de então a ação errônea "ligada" por aquela assembleia local deixaria de ter valor. Nesse ínterim, até que uma assembleia decida agir para a glória de Deus quanto àquele assunto (repudiando a assembleia injusta em questão), devemos nos sujeitar e esperar em Deus. Mencionamos isto para mostrar que existe um recurso contra o abuso de autoridade nas questões administrativas.
Devemos observar que as escrituras nunca nos instruem a tentarmos resolver nós mesmos as questões como indivíduos e de forma independente, quando se trata de alguma ação errada feita por uma assembleia. A ação independente de indivíduos nas questões coletivas é sempre criticada nas escrituras (Dt 17:12, Nm 15:30-31). Ela tão somente abre as portas para o inimigo. Deus tem a Sua maneira de tratar com problemas assim, e devemos acatá-la a fim de mantermos a ordem. Infelizmente é aí que muitos cristãos erram. Eles pensam que não podem se submeter a algo que acreditam ser injusto e sem fundamento bíblico. Acham que se o fizerem estarão violentando suas consciências. Alguns podem até alegar: "Devo obedecer primeiro o Senhor, não os irmãos". Mas quer eles entendam ou não, o que estão dizendo é que são mais santos do que o próprio Senhor. Se Ele pode suportar a decisão até que ela seja corrigida, por que nós não poderíamos? Uma assembleia que comete um erro em suas responsabilidades administrativas ainda possui o Senhor em seu meio até que seja repudiada por não estar mais no verdadeiro terreno da igreja de Deus. J. N. Darby escreveu: "Por que falar de obedecer primeiro ao Senhor e depois à igreja? Como fazer isso supondo que o Senhor esteja na igreja? Trata-se meramente de estabelecer um julgamento privativo em oposição ao julgamento da assembleia reunida ao nome de Cristo conforme a Sua promessa (se não for o caso de uma assembleia congregada ao nome de Cristo, então nada tenho a dizer); isso nada mais é do que dizer, 'Sozinho eu me considero mais sábio do que os que estão congregados'. Rejeito completamente a ideia de obedecer primeiro a Cristo e depois à igreja por ser algo totalmente sem fundamento bíblico" ("Letters of J. N. Darby", vol. 1, p. 419). Ele também escreveu: "Portanto, a questão toda não passa de um mero sofisma que denuncia o desejo de dar livre expressão à vontade própria, baseado na confiança de que o julgamento feito por uma pessoa é superior a tudo o que já tenha sido julgado" ("Letters of J. N. Darby", vol. 1, p. 421-422).
Em muitas situações Satanás gosta de trabalhar sob um disfarce de justiça. Ele e seus ministros se transformam em "ministros de justiça" a fim de enganarem os incautos ou aqueles que não têm fundamento bíblico, a fim de levá-los a agir de forma independente (2 Co 11:14-15, Rm 16:18). Ele fará parecer mais correto resolvermos nós mesmos a situação, porém se fizermos assim não poderemos contar com a bênção de Deus. Uma ação independente não é a solução; não é coerente com o guardar "a unidade do Espírito". Como já dissemos, se acharmos que uma assembleia cometeu um erro, podemos levar o caso à Cabeça da igreja. Ele escuta, entende e cuida disso melhor do que nós mesmos poderíamos fazer. E se tivermos fé de que Ele irá corrigir a situação da maneira que achar necessário, podemos deixar tudo aos Seus cuidados. Mas se não tivermos essa confiança nEle, e não pudermos confiar que Ele esteja cuidando disso, acabaremos tentando resolver tudo com as nossas próprias forças, o que nada mais é do que agir na energia da carne.
Traduzido de "The One Body in Practice", por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.