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Um Só Corpo na Prática - Livro Impresso

A Unanimidade nao e' Necessaria nas Decisoes da Assembleia

Embora a assembleia local deva tentar alcançar as consciências de todos ao tomar uma decisão de "ligar", as Escrituras não exigem que todos numa assembleia precisem estar satisfeitos antes que seja tomada uma decisão válida. Nestes últimos dias, quando a vontade do homem mais do que nunca tem procurado se impor na igreja, não podemos esperar que existam julgamentos unânimes na assembleia. Tal foi a situação no julgamento da questão em Corinto. Em 2 Coríntios 2:5 diz: "Mas se alguém tem causado tristeza, tem causado tristeza não a mim, porém em parte... a todos vós" (Versão da Sociedade Bíblica Britânica sem o que está entre parênteses). Aparentemente alguns dentre os coríntios não se sentiam entristecidos com o pecado que havia em seu meio. Mesmo assim a assembleia levou adiante sua decisão para a glória de Deus. O apóstolo Paulo usou as palavras "em parte" de modo similar quando se referiu a uma facção que havia entre os coríntios. Ali ele dizia: "Assim também nos reconhecestes em parte, que somos a vossa glória, assim como vós também sois a nossa no dia de nosso Senhor Jesus" (2 Co 1:14). Isso ocorreu porque nem todos em Corinto o reconheciam como um apóstolo enviado por Deus.

A Reuniao Administrativa de Irmaos

Quando surgem problemas que exigem um julgamento e ações administrativas na assembleia, os irmãos responsáveis devem se reunir em separado da assembleia para procurar entender os fatos em questão e buscar luz das Escrituras sobre o modo como a assembleia deve agir. Em suma, o objetivo dessa reunião de irmãos é cuidar dos assuntos referentes à assembleia. Há três ocasiões principais no livro de Atos quando os irmãos se reúnem à parte da assembleia como um todo para considerar determinadas questões (At 15:6; 20:18; 21:18). Aqueles eram concílios apostólicos. Embora não fossem exatamente reuniões locais de irmãos voltadas ao cuidado da assembleia por serem reuniões de irmãos de diferentes localidades, elas estabelecem um princípio para nós ao indicarem que as questões podem ser tratadas por irmãos em reuniões à parte da assembleia. Ali diz: "Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto" (At 15:6). Repare que não é mencionada a presença de irmãs, irmãos jovens e novos convertidos. As coisas não devem ser discutidas em detalhes diante da assembleia porque poderiam ocorrer disputas (At 15:7) que não seriam apropriadas em uma reunião pública. Além disso, os assuntos tratados podem envolver coisas que contaminam e não convém que sejam trazidas diante de todos (1 Co 14:40).

As Razoes Ocultas

Gostaríamos de pensar que aqueles que se recusam a se submeter a uma decisão da assembleia pudessem estar sinceramente enganados a respeito dos princípios que regem a assembleia, mas às vezes existem razões ocultas. Devemos nos lembrar de que "enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso" (Jr 17:9). Além disso, "o que confia no seu próprio coração é insensato" (Pv 28:26). Podem existir razões ocultas em nosso coração que sequer detectamos. Parece ser este o caso de Absalão. Quando seu irmão Amnom cometeu incesto no reino, a lei Levítica determinava que ele devia ser executado (Lv 18:9, 29). Vendo que o Rei Davi nada fez, Absalão decidiu tomar a questão em suas próprias mãos e liderou um grupo de homens para matar Amnom. Para os "simples" e "que nada sabiam daquele negócio" (Rm 16:18; 2 Sm 15:11) aquilo talvez tenha sido visto como um ato de justiça, retidão e piedade. Aos olhos desses Absalão provavelmente parecia ser um homem fiel agindo em favor da glória de Deus, e não poupando sequer seu próprio meio-irmão. Mas Absalão não se importava nem um pouco com a glória de Deus e nem tinha aversão por aquele pecado, o acabou ficando claro quando também cometeu incesto com as concubinas de seu pai -- dez vezes mais que Amnom (2 Sm 15:16; 16:22). Além do ódio natural de Absalão pelo que Amnom fizera à sua irmã Tamar, havia uma razão mais profunda para querer matá-lo, e esta era sua sede de poder. Ele queria reinar no trono de Israel, e seu irmão Amnom, que era mais velho e o primeiro na sucessão ao trono, precisava ser eliminado. O pecado de Amnom foi apenas a desculpa para tirá-lo de cena. Do mesmo modo, nas questões relacionadas à assembleia, alguns podem ser levados por outros motivos na hora de escolher de que lado querem ficar em relação a alguma decisão.

Tunbridge Wells

Um exemplo de erro de interpretação foi o que ocorreu em Tunbridge Wells em 1908-1909. Alguns que conhecem o incidente acreditam que as ações que a assembleia tomou, primeiramente ao silenciar C. Strange (1903) e mais tarde ao excluí-lo (1908), teriam sido injustas. Acreditando que o modo de lidar com C. Strange foi injusto e sem base bíblica, eles acharam que Tunbridge Wells havia por isso perdido seu status de uma assembleia verdadeiramente congregada ao nome do Senhor. Tal ideia equivocada é erroneamente sustentada por W. R. Dronsfield em seu livro "The Brethren Since 1870", na página 33, onde diz: "Se dois ou três estiverem verdadeiramente reunidos ao nome do Senhor, qualquer decisão que tomarem deve ser correta para que seja reconhecida como tal nos céus. Todavia, a recíproca também é verdadeira, ou seja, que se aqueles reunidos chegarem a uma decisão injusta, eles não podem estar reunidos ao nome do Senhor". Assim, alguns acharam que as ações daquela assembleia não poderiam ser reconhecidas como ações com respaldo dos céus. Como consequência, decidiram não se sujeitar àquela decisão.

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