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Um Só Corpo na Prática - Livro Impresso

"Ai estou Eu no meio deles"

Apenas quando as condições que vimos nos parágrafos anteriores fossem atendidas que um grupo de cristãos poderia estar divinamente reunido, e assim contar com a promessa da presença do Senhor em seu meio. Como já demonstramos, a Sua presença desfrutada neste sentido coletivo é o que sanciona a existência daquele grupo que Ele reuniu pelo Espírito. Não seria este o caso de todos os grupos cristãos que os homens formaram, pois se o Senhor concedesse Sua presença a todos esses grupos neste mesmo sentido em uma época de divisões, Ele estaria sancionando a divisão no testemunho público da igreja.

"Ao Meu Nome"

Finalmente, o Senhor disse: "ao Meu Nome". Não é "em Meu Nome" como aparece em muitas traduções, mas "ao Meu Nome" (ou "para o Meu Nome"). Isto implica que existe aí uma submissão envolvida -- uma submissão a esse Nome. O Nome do Senhor representa Sua autoridade. Portanto a ideia é de estarem reunidos nesse terreno de submissão à Sua autoridade. E onde a Sua autoridade é revelada? A resposta é, sem sombra de dúvida, na Palavra de Deus. Portanto, aqueles que estão assim reunidos devem guardar toda a verdade de Deus, se sujeitarem a ela e procurarem praticá-la. Existem hoje muitos grupos cristãos que praticam apenas parte da verdade. Por exemplo, um grupo pode guardar as coisas relacionadas à verdade da Pessoa de Cristo, mas não se importar com as exortações que têm a ver com a autoridade de Cristo como Cabeça da igreja. Outros podem ter um grande cuidado em guardar Sua deidade e outros aspectos, porém desprezarem as passagens das Escrituras que falam das irmãs cobrindo a cabeça ou abstendo-se de ministrar publicamente na assembleia, esquecendo-se de que essas coisas são "mandamentos do Senhor" (1 Co 14:37).

Juntos

Como já dissemos, o Senhor não queria que os que compõem o Seu povo estivessem meramente "reunidos" onde Ele estivesse no meio, mas que estivessem "reunidos" juntos. Isto nos remete à comunhão universal dos santos. Todos aqueles que o Espírito de Deus venha a reunir ao Nome do Senhor, onde quer que estejam, devem estar juntos. Como já foi mostrado no capítulo um, isto não significa que eles devem estar todos reunidos juntos em um mesmo ponto geográfico (como era o caso de Jerusalém no judaísmo), mas que devem agir juntos nas diferentes localidades onde o Espírito os tiver reunido, de modo a darem uma expressão universal ao fato de serem um. Isto aponta para a verdade do um só corpo na prática e demonstra que o desejo do Senhor para a assembleia desde o seu princípio era que existisse apenas uma comunhão universal dos santos.

"Estiverem Reunidos"

O Senhor continuou dizendo "estiverem... reunidos". Repare que Ele não diz "se reunirem" como aparece em algumas traduções modernas. A razão disto é que o terreno divino de reunião não é uma associação voluntária de crentes. É verdade que deve existir um exercício e uma iniciativa pessoal da parte daqueles que estão congregados para comparecerem onde Cristo está no meio, mas o tempo passivo do verbo -- "estiverem... reunidos" -- assinala o fato de que existe um poder reunidor externo às próprias pessoas, o qual foi responsável por reunir sobre aquele terreno. O divino Reunidor é o Espírito Santo. Isto é mostrado em Lucas 22:7-20, onde o Espírito de Deus é visto na figura de "um homem, levando um cântaro de água" guiando os discípulos até o lugar escolhido pelo Senhor onde eles estariam com Ele para a ceia. Nas Escrituras a palavra "água" costuma se referir à Palavra de Deus (Ef 5:26). Aprendemos disso que o Espírito de Deus utiliza os princípios da Palavra de Deus para assim guiar os crentes para o lugar escolhido pelo Senhor. O nome do homem não é mencionado, o que nos faz entender que o objetivo do Espírito de Deus não é o de chamar atenção para Si (Jo 16:13-14). Isto também está relacionado ao fato de o Espírito de Deus não ser diretamente mencionado em Mateus 18:20, embora a Sua obra seja percebida ali. Ele não assume um lugar de proeminência no cristianismo, mas trabalha nos bastidores guiando as almas exercitadas a esse terreno estabelecido em princípios bíblicos, onde Cristo está no meio daqueles assim congregados.

"Dois ou tres"

Outra condição para uma assembleia divinamente reunida é que devem existir ao menos "dois ou três". A razão disto é por não poder existir uma assembleia de uma só pessoa. Tudo o que é feito no centro divino deve ser feito "por boca de duas ou três testemunhas" (2 Co 13:1, 1 Tm 5:19). "Dois ou três" é o divino mínimo. Parece até que o Senhor estava prevendo os dias quando as coisas no testemunho cristão estariam em tamanha ruína que poderiam existir em uma localidade apenas alguns poucos cristãos exercitados para estarem no divino terreno de reunião. Se assim fosse, eles ainda poderiam desfrutar da presença do Senhor em seu meio.

Fora do Arraial

A ideia do "seja onde for", ou como os homens costumam dizer, "Vá à igreja que mais lhe agrade", faz do lugar algo de nossa escolha. Todavia, o "onde" mostra o lugar da escolha do Senhor, o lugar indicado por Ele. O lugar não é um centro geográfico, como era Jerusalém no judaísmo, mas um terreno espiritual de princípios sobre os quais os cristãos são congregados pelo Espírito. Os cristãos assim congregados podem estar congregados em diferentes lugares do mundo, porém ocupam um terreno singular e estão em comunhão uns com os outros. Os vários grupos podem estar congregados localmente em uma simples sala, em uma cozinha ou barracão -- o que importa é onde o Espírito de Deus os reuniu ao Nome do Senhor Jesus Cristo.

"Onde"

Muitos cristãos acreditam que quando o Senhor disse "onde" Ele estaria querendo dizer "seja onde for". Eles pensam que o Senhor estava dizendo que um grupo de crentes poderia se reunir da maneira que achasse melhor, quando e onde bem entendessem, e com isso desfrutariam automaticamente da garantia da promessa feita pelo Senhor a eles. Eles imaginam que se alguns cristãos saírem para tomar um café ou praticar um esporte juntos, eles podem reivindicar a promessa deste versículo, de que o Senhor estará no meio deles. Isso nada mais é do que tirar esta preciosa passagem das Escrituras completamente fora de seu contexto. É bem verdade que o Senhor está com todos os crentes, o tempo todo, não importa onde eles possam estar individualmente (Mt 28:20; Hb 13:5), mas não é este o contexto do versículo 20 de Mateus 18. Conforme já foi mencionado, este versículo tem a ver com a presença do Senhor no meio de uma assembleia divinamente reunida para sancionar as decisões administrativas dessa assembleia. Podemos chamar esta presença do Senhor como coletiva; enquanto as outras seriam a Sua presença individual. As duas não devem ser confundidas. Existe uma diferença entre Ele estar com os cristãos, e os cristãos terem a Ele no meio de suas reuniões da assembleia ("Can Christians be Gathered in Only One Place?" - Notes of General Meetings in Ottawa - 1987 - p. 9). A presença do Senhor neste sentido coletivo é o que sanciona a existência daquele grupo de pessoas que Ele reuniu pelo Espírito. Isto não se aplicaria a quaisquer grupos de cristãos formados por homens, pois se o Senhor garantisse esta Sua presença em todos esses grupos, Ele estaria sancionando as divisões no testemunho público da igreja, as quais são uma desonra para Deus. Cremos que Ele não faria tal coisa.

Capitulo 4 - O Terreno Biblico de Reuniao

Para que ninguém fique confuso quanto ao que seja exatamente "a assembleia", o Senhor a define em Mateus 18 como os santos reunidos ao Seu Nome. "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18:20). O "porque" neste versículo faz a conexão com os versículos precedentes que falam da assembleia local. Este versículo mostra que a assembleia recebe a autoridade judicial para agir em questões administrativas do próprio Senhor em seu meio, o qual sanciona suas decisões. ("Letters of J. N. Darby", vol. 2, p. 132).

Todavia, em uma época de divisões, nem todos os que reivindicam para si a promessa deste versículo estão necessariamente sobre este fundamento. Um exame cuidadoso do versículo irá demonstrar que há uma série de condições entre o "onde" e o "aí" que devem ser atendidas antes que um grupo de cristãos reunidos para adoração e ministério possam ser reconhecidos como estando no terreno bíblico da assembleia congregada para o Seu Nome. O Senhor apresenta aqui princípios muito importantes que são vistos ampliados nas epístolas. Precisamos ler esta passagem cuidadosamente e em oração para não perdermos de vista sua importância.

Traduzido de "The One Body in Practice", por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.

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